Um dia me disseram que amar era
viver para outro alguém. Viver em função de alguém que colocaria os melhores
sorrisos no seu rosto, que vai fazer suas pernas tremerem, enfim, alguém que
vai se tornar seu mundo, tecnicamente, de uma hora para outra. E eu acreditei,
não minto. Sonhei desde sempre com aquele príncipe clichê, de cavalo branco e
roupa impecável, do sorriso com dentes brancos, dos braços fortes, capazes de
me carregar por quilômetros sem se preocupar com o cansaço.
Por
um momento, achei ter encontrado o príncipe. Ele não tinha um cavalo, não era
tão forte, e nem capaz de me carregar sem cansar, logo, conclui que príncipes não
existem, e se existem não são a oitava maravilha do mundo. Segui. Descobri algo
chamado defeitos, e criei a nova imagem de um príncipe para mim. Agora restava
esperar mais um pouco. Esperei. Portas abriram e fecharam e eu continuei
sentada esperando que chamasse meu nome, afinal, as portas abertas chamavam
outros nomes na lista de espera, e bem ao meu lado.
Não
aconteceu. Ninguém sorriu para mim e me ouviu dizer: “É você”. Olhei para os lados e não havia mias ninguém
esperando. Naquele momento, me levantei e sai pela porta. Na rua inúmeros pés
passavam, sem rumo, sustentando histórias e destinos indecifráveis. Me juntei a
eles.
De
fato, nunca saberei se no momento em que sai, alguma porta abriu e gritou as
letras do meu nome, eu sei. Porém, ao descobrir a inexistência do príncipe,
percebi que havia algo de errado comigo. Conclui que se o problema era meu, eu
deveria resolvê-lo, antes que alguém aparecesse e percebesse todos eles, o que
me faria culpada por mostrar a este alguém que princesas também não existem.
Trabalhei
em mim. Aprendi a viver sozinha no meio de tantos pés, de várias cores e formatos.
Criei a verdadeira ideia do que é ser feliz, e descobri por que não via mais os
príncipes. A verdade é que os pés que no começo eram apenas constituintes de
uma multidão, me explicaram que aos príncipes só vão existir se, antes de mais
nada, eu descobrir a felicidade sem eles. Sustentar a felicidade baseada em
mim.
Assim,
descobri também que os príncipes não são as criaturas perfeitas da Cinderela,
Rapunzel, ou mesmo da Julieta. São aqueles que estão no meio do número
incontável de pés que passam por mim todos os dias. Eles se apresentam quando
se desculpam por esbarrar em você, ou mesmo segurar a porta para você entrar. Não
são perfeitos, nem tem os melhores sorrisos do mundo. E logo você descobre que
jamais serão a razão da sua vida, sabe porque? Porque naquele dia, você cansou
de ficar na fila e descobriu que a verdadeira razão da sua vida, é você mesmo.
“A melhor maneira de ser feliz
com alguém é aprender a ser feliz sozinho. Daí a companhia será questão de
escolha e não de necessidade.”
B.S.
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