Agora começa o processo de
nostalgia. O processo em que sua mente começa a pensar que cada segundo fará parte
dos seus últimos momentos, que cada abraço conterá a memória dos últimos meses
que você viu alguém durante todos os dias. Este é o ano em que paramos para nos
dar conta que apesar de todas as reclamações, todo o estresse, todo o ritmo
acelerado e todos os encontros nos corredores nos farão falta como nada na vida
nunca fez, e talvez nunca venha a fazer.
Nesse ano as lágrimas vão querer
sair antecipadamente, e terão de ser contidas até que, no último momento, saiam
todas de vez e sem nenhum controle. Criaremos filmes em nossas cabeças e
tentaremos registrar cada segundo, sem perder nem um movimento sequer.
Olharemos esses rostos que nos são tão familiares por quatro anos, lembraremos
das brigas, das decepções e descobertas, de tudo que aprendemos com todos os
problemas e soluções que surgiram nessa caminhada.
Finalizaremos nossa jornada, com
a sensação de dever cumprido, de que fomos capazes de encarar e superar tão
grande desafio começado com tão pouca idade. Com a sensação de que nos tornamos
homens e mulheres, crescemos, viramos adultos, aprendemos como realmente
funciona a vida e o mundo fora do ambiente em que todos pensam em nos proteger.
Viveremos nosso último ano dentro
de uma selva, correndo de um lado para o outro, rindo e fotografando mentalmente
cada cantinho que não poderemos mais habitar, cada cena que já se passou em
cada um deles, e cada pessoa que conhecemos graças à oportunidade de entrar
neste hospício, nesse treinamento de guerra, eu diria.
Portanto, que sejam os melhores
últimos momentos das nossas vidas. Independente de problemas, independente dos
desesperos, independente da rotina que possa vir a ser insuportável. Que sejam
os sorrisos mais lembrados na memória, os abraços mais demorados. Que surjam as
história que serão contadas aos filhos no futuro, que possamos sorrir e dizer:
Sofri, mas no fundo sei que por essas pessoas, valeu muito a pena.
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