quarta-feira, 30 de maio de 2012

Entre a neblina e as nuvens na janela do avião


Se eu lhes dissesse que aquela manhã parecia ser uma manhã normal, eu estaria mentindo, e tenho total convicção disto. Eu confesso que não imaginei que aquele dia fosse ter o desfecho que teve, nem tão pouco a lição que eu levaria dele.

O dia amanheceu cinzento. Levantei sem a mínima vontade de pisar os pés fora de casa, e abri uma fresta da janela, só para ter noção do quanto a manhã me obrigaria a ficar na cama, enquanto isto era a única coisa que eu não poderia fazer. O exagero de neblina me deixou deslumbrada, e um pouco assustada, confesso. Passei a mão dos olhos para retirar os últimos vestígios da maravilhosa noite de sono que havia sido interrompida pelo toque histérico do meu despertador.

Como de costume, às 6:30 estava a caminho do colégio. E, como se já não bastasse, a garota da rua de trás, que, diga-se de passagem, considerava a si mesma como minha melhor amiga, cruzou a faixa de pedestres e veio na minha direção. No entanto, para a minha surpresa, ela não vinha sorridente e saltitante, como de costume, para falar das inúmeras qualidades do seu namorado, que por sinal era o mais cobiçado pelas garotas do colégio. Acho que já deu para perceber que eu REALMENTE não a quero como melhor amiga, certo?!

A minha reação foi mais ou menos igual à reação que tive com a neblina. Cocei os olhos novamente. O dia estava REALMENTE estranho. De fato, faziam algumas semanas que essa garota tinha desaparecido, mas é sempre bom estar um pouco longe das pessoas irritantes, e eu nem sequer parei para pensar que algo pudesse ter acontecido. Porém naquele momento ouvi uma voz na minha cabeça, instigando minha curiosidade, e perguntei o que havia acontecido.

Naquele momento, em meio a um mar de pessoas, cada um caminhando rumo ao seu destino, eu ouvi algo que nunca imaginei ser possível antes. Eu me senti um pouco egoísta. Na verdade eu fui egoísta, pois enquanto ela discursava, eu só consegui pensar em mim. Eu jamais imaginaria que aquele desaparecimento repentino (pelo qual eu tinha agradecido muito durante semanas), seria por minha causa.

Ela começou a me contar sobre como gostaria de provar a todos que tudo aquilo que a fazem acreditar é mentira. E que eu fui sua maior esperança nesse quesito, tanto quanto sua maior decepção. Ela teria sumido para provar que eu seria sua amiga, suficientemente, a ponto de procurar por ela, nem que fosse olhar para trás ao atravessar aquela mesma faixa todos os dias. Me senti pequena. Como se alguém estivesse pisando em mim pouco a pouco. Não que algum dia eu tivesse confirmado ou tentado estabelecer algum grau de amizade, mas no fim das contas, isso me fez parar para refletir.

Talvez eu estivesse sendo precipitada, e provavelmente teria deixado de ver o lado bom das coisas. Era essa a razão de toda a neblina, e eu tinha deixado de ver a beleza por trás de toda aquela massa cinzenta que se movimentava abaixo da minha janela. Aquela imagem, apesar de incomum, poderia ter me feito sentir como se estivesse olhando as nuvens pela janela de um avião a milhares de quilômetros do chão. Mas não. Preferi absorver toda a sua estranheza.

Precisava contar esta história apenas para demonstrar que realmente, talvez as pessoas estejam se deixando levar por uma sociedade macabra, mantendo seus corações fechados e enxergando apenas a neblina, quando poderiam ver nuvens da janela do avião. Hoje tenho certeza que existem muito mais nuvens do que manchas escuras, e que eu estava completamente errada sobre aquele ser saltitante que me seguia todas as manhãs. É a vida nos pregando peças e, com situações inteligentes, nos dando novas lições.

B.S.
                

Entre a neblina e as nuvens na janela do avião


Se eu lhes dissesse que aquela manhã parecia ser uma manhã normal, eu estaria mentindo, e tenho total convicção disto. Eu confesso que não imaginei que aquele dia fosse ter o desfecho que teve, nem tão pouco a lição que eu levaria dele.

O dia amanheceu cinzento. Levantei sem a mínima vontade de pisar os pés fora de casa, e abri uma fresta da janela, só para ter noção do quanto a manhã me obrigaria a ficar na cama, enquanto isto era a única coisa que eu não poderia fazer. O exagero de neblina me deixou deslumbrada, e um pouco assustada, confesso. Passei a mão dos olhos para retirar os últimos vestígios da maravilhosa noite de sono que havia sido interrompida pelo toque histérico do meu despertador.

Como de costume, às 6:30 estava a caminho do colégio. E, como se já não bastasse, a garota da rua de trás, que, diga-se de passagem, considerava a si mesma como minha melhor amiga, cruzou a faixa de pedestres e veio na minha direção. No entanto, para a minha surpresa, ela não vinha sorridente e saltitante, como de costume, para falar das inúmeras qualidades do seu namorado, que por sinal era o mais cobiçado pelas garotas do colégio. Acho que já deu para perceber que eu REALMENTE não a quero como melhor amiga, certo?!

A minha reação foi mais ou menos igual à reação que tive com a neblina. Cocei os olhos novamente. O dia estava REALMENTE estranho. De fato, faziam algumas semanas que essa garota tinha desaparecido, mas é sempre bom estar um pouco longe das pessoas irritantes, e eu nem sequer parei para pensar que algo pudesse ter acontecido. Porém naquele momento ouvi uma voz na minha cabeça, instigando minha curiosidade, e perguntei o que havia acontecido.

Naquele momento, em meio a um mar de pessoas, cada um caminhando rumo ao seu destino, eu ouvi algo que nunca imaginei ser possível antes. Eu me senti um pouco egoísta. Na verdade eu fui egoísta, pois enquanto ela discursava, eu só consegui pensar em mim. Eu jamais imaginaria que aquele desaparecimento repentino (pelo qual eu tinha agradecido muito durante semanas), seria por minha causa.

Ela começou a me contar sobre como gostaria de provar a todos que tudo aquilo que a fazem acreditar é mentira. E que eu fui sua maior esperança nesse quesito, tanto quanto sua maior decepção. Ela teria sumido para provar que eu seria sua amiga, suficientemente, a ponto de procurar por ela, nem que fosse olhar para trás ao atravessar aquela mesma faixa todos os dias. Me senti pequena. Como se alguém estivesse pisando em mim pouco a pouco. Não que algum dia eu tivesse confirmado ou tentado estabelecer algum grau de amizade, mas no fim das contas, isso me fez parar para refletir.

Talvez eu estivesse sendo precipitada, e provavelmente teria deixado de ver o lado bom das coisas. Era essa a razão de toda a neblina, e eu tinha deixado de ver a beleza por trás de toda aquela massa cinzenta que se movimentava abaixo da minha janela. Aquela imagem, apesar de incomum, poderia ter me feito sentir como se estivesse olhando as nuvens pela janela de um avião a milhares de quilômetros do chão. Mas não. Preferi absorver toda a sua estranheza.

Precisava contar esta história apenas para demonstrar que realmente, talvez as pessoas estejam se deixando levar por uma sociedade macabra, mantendo seus corações fechados e enxergando apenas a neblina, quando poderiam ver nuvens da janela do avião. Hoje tenho certeza que existem muito mais nuvens do que manchas escuras, e que eu estava completamente errada sobre aquele ser saltitante que me seguia todas as manhãs. É a vida nos pregando peças e, com situações inteligentes, nos dando novas lições.

B.S.
                

Entre a neblina e as nuvens na janela do avião


Se eu lhes dissesse que aquela manhã parecia ser uma manhã normal, eu estaria mentindo, e tenho total convicção disto. Eu confesso que não imaginei que aquele dia fosse ter o desfecho que teve, nem tão pouco a lição que eu levaria dele.

O dia amanheceu cinzento. Levantei sem a mínima vontade de pisar os pés fora de casa, e abri uma fresta da janela, só para ter noção do quanto a manhã me obrigaria a ficar na cama, enquanto isto era a única coisa que eu não poderia fazer. O exagero de neblina me deixou deslumbrada, e um pouco assustada, confesso. Passei a mão dos olhos para retirar os últimos vestígios da maravilhosa noite de sono que havia sido interrompida pelo toque histérico do meu despertador.

Como de costume, às 6:30 estava a caminho do colégio. E, como se já não bastasse, a garota da rua de trás, que, diga-se de passagem, considerava a si mesma como minha melhor amiga, cruzou a faixa de pedestres e veio na minha direção. No entanto, para a minha surpresa, ela não vinha sorridente e saltitante, como de costume, para falar das inúmeras qualidades do seu namorado, que por sinal era o mais cobiçado pelas garotas do colégio. Acho que já deu para perceber que eu REALMENTE não a quero como melhor amiga, certo?!

A minha reação foi mais ou menos igual à reação que tive com a neblina. Cocei os olhos novamente. O dia estava REALMENTE estranho. De fato, faziam algumas semanas que essa garota tinha desaparecido, mas é sempre bom estar um pouco longe das pessoas irritantes, e eu nem sequer parei para pensar que algo pudesse ter acontecido. Porém naquele momento ouvi uma voz na minha cabeça, instigando minha curiosidade, e perguntei o que havia acontecido.

Naquele momento, em meio a um mar de pessoas, cada um caminhando rumo ao seu destino, eu ouvi algo que nunca imaginei ser possível antes. Eu me senti um pouco egoísta. Na verdade eu fui egoísta, pois enquanto ela discursava, eu só consegui pensar em mim. Eu jamais imaginaria que aquele desaparecimento repentino (pelo qual eu tinha agradecido muito durante semanas), seria por minha causa.

Ela começou a me contar sobre como gostaria de provar a todos que tudo aquilo que a fazem acreditar é mentira. E que eu fui sua maior esperança nesse quesito, tanto quanto sua maior decepção. Ela teria sumido para provar que eu seria sua amiga, suficientemente, a ponto de procurar por ela, nem que fosse olhar para trás ao atravessar aquela mesma faixa todos os dias. Me senti pequena. Como se alguém estivesse pisando em mim pouco a pouco. Não que algum dia eu tivesse confirmado ou tentado estabelecer algum grau de amizade, mas no fim das contas, isso me fez parar para refletir.

Talvez eu estivesse sendo precipitada, e provavelmente teria deixado de ver o lado bom das coisas. Era essa a razão de toda a neblina, e eu tinha deixado de ver a beleza por trás de toda aquela massa cinzenta que se movimentava abaixo da minha janela. Aquela imagem, apesar de incomum, poderia ter me feito sentir como se estivesse olhando as nuvens pela janela de um avião a milhares de quilômetros do chão. Mas não. Preferi absorver toda a sua estranheza.

Precisava contar esta história apenas para demonstrar que realmente, talvez as pessoas estejam se deixando levar por uma sociedade macabra, mantendo seus corações fechados e enxergando apenas a neblina, quando poderiam ver nuvens da janela do avião. Hoje tenho certeza que existem muito mais nuvens do que manchas escuras, e que eu estava completamente errada sobre aquele ser saltitante que me seguia todas as manhãs. É a vida nos pregando peças e, com situações inteligentes, nos dando novas lições.

B.S.
                

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