A gente cresce assistindo esses
filmes americanos exagerados, enxergando a vida como eles nos mostram. Os
casais brigam o tempo todo, se machucam, mas no final tudo se explica e volta
ao normal. Cai uma tempestade, a pessoa se molha e logo aparece alguém lhe
oferecendo ajuda.
Alguém
pode me dizer o que temos na cabeça para viver num mundo como esse e ainda
acreditar em todas essas baboseiras? É claro que não poderia ser verdade. Assim
como não seremos ajudados nas tempestades, os amores não serão contos de fadas
do jeito que tentam nos fazer acreditar.
Muito
pelo contrário, diga-se de passagem, os amores são as tempestades. A maioria
das pessoas já esteve andando na rua, num dia de Sol, quando de repente viu o
céu fechar e gotas grossas começaram a cair. É uma sensação de desespero, de
querer se esconder, mas ao mesmo tempo correr, esquecer-se do mundo, aproveitar
o momento. E é bem assim o amor. É bem assim que ele chega, e é bem assim que
nos sentimos, não é?!
No
começo, você se assusta, quer fugir, se enfiar no primeiro buraco a sua frente.
Mas, na maioria das vezes, você relaxa e entende que é algo natural. No caso do
amor, é como se estivéssemos no meio da tempestade, sem um guarda-chuva, sem
ter nem um refúgio sequer, e a visão está embaçada, nos fazendo tropeçar em
alguns obstáculos no caminho. A grande,
e importante, diferença é que nas tempestades geralmente estamos sozinhos, e o
amor nos dá alguém para nos acompanhar, seja para evitar a queda, seja para nos
empurrar de vez.
Sim,
porque, sendo realista, tudo na vida tem os seus extremos. O fato é que não
podemos desejar um relacionamento perfeito, porque isso é uma completa utopia.
Um relacionamento de verdade terá discussões, terá momentos em que vocês não
aguentarão mais olhar um na cara do outro, surgirão dúvidas e provas a serem
superadas, porém, do outro lado do extremo, haverá momentos como comer uma
panela de brigadeiro numa única tarde, assistindo um filme juntos, brigar para
saber quem vai pagar o ingresso do cinema, olhar nos olhos e sorrir sem motivo
algum.
No
entanto, tudo isso pode (e é bem provável) um dia acabar. Pode ser num piscar
de olhos, como quando as tempestades às vezes começam, ou pode começar e levar
alguns meses, quem sabe até anos. Você vai se matar por isso? O certo a fazer é
se certificar de que, antes que esse momento chegue, vocês façam tudo valer a
pena, para que assim não fiquem desapontados porque algo maravilhoso acabou,
mas sim orgulhosos porque realmente existiu.
Desejei,
algum dia, que fosse isso que os filmes mostrassem. Percebi que estava
equivocada. Demorei um pouco e descobrir como funciona essa coisa do amor, mas
de uns tempos para cá as pessoas vem repetindo tudo isso com tanta frequência
que comecei a parar para analisar. Talvez seja verdade, e por isso os filmes
nos enganem desde sempre. Para dar um pouco mais de adrenalina na vida antes
que possamos descobrir qual a verdadeira realidade a qual estamos submetidos. E
é bem assim. O amor.
B.S.
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